quarta-feira, dezembro 12, 2012

CRESSENDO CONSIGO

Sou do tempo, como dizem os velhos, em que se esperava que certas funções não fossem realizadas por pessoas que não possuissem detrerminados requisitos, implicitamente considerados importantes para a referida função.
Mais tarde, numa sociedade em mudança acelerada, em que se assistiu a compreensíveis inversões de valores, e outras menos compreensíveis, foi-se percebendo que algumas das características "implicitamente" requeridas tinham que ver com preconceitos.
Que as aeromoças (hospedeiras de bordo) tivessem de ser elegantes e bonitas; que os locutores não pudessem ter pronúncias oriundas de fora de Lisboa; ocorrem-me estes dois exemplos.

Não impede que me arrepie sempre, que a jovem que faz o anúncio a um Banco, não seja capaz de dizer "crescem", na frase: «Valores que crescem consigo».
Ela diz «cressem». Em vários anúncios com ligeiras variantes, a mesma jovem, de resto com excelente voz, insiste: «Valores que cressem consigo!»

Não digo que a despeçam, obviamente. Nem mesmo que a mudem de anúncio.
Não poderiam arranjar-lhe outra palavra?

sexta-feira, dezembro 07, 2012

O TEMPO DESFAZ O AMOR?

Amamos uma pessoa no presente.
De cada vez que nos separamos dessa pessoa, mesmo à distância, continuamos a amá-la.
Se ficamos três dias sem a ver, amamo-la ainda durante essa ausência. E até por uma semana, ou por meses - e mesmo que passem anos até ao seguinte reencontro.

Mas, por essa ordem de ideias, será que posso dizer que amo ainda uma pessoa que não tornei a ver - e possivelmente nunca mais verei?
Amo - realmente - ainda - o meu pai, que faleceu?
Ou o meu primeiro amor, que em nenhum momento me lembro de ter "desligado", ou seja, ter deixado de amar?

Ama-se sem expectativas de reencontro? E por que não? O amor platónico não é também um amor sem expectativas? 
 

segunda-feira, dezembro 03, 2012

AGORA SIM

Ao fim de tanto tempo a explicar-me que a causa da crise era eu ter andado a viver acima das minhas possibilidades, isso tornou-se agora, finalmente, realmente verdade.
Num momento em que comer todos os dias e todos os dias ter de dar de comer aos filhos é um luxo, não tenham dúvidas: vivo infinitamente acima das minhas possibilidades. E redundantemente: "viver" é já, em Portugal, viver acima das possibilidades.