quarta-feira, abril 17, 2013

ADAPTAÇÃO DO DITADO AOS TEMPOS

Vão-se os anéis, já que já se foram os dedos.

APÊNDICES

Urinando num WC público, Alonzo estranhou o seu próprio pénis; parecia-lhe um estrangeiro.
E perguntou-se: «Sinto isto como uma parte do meu eu, ou como um mero apêndice?»
Olhou para o seu vizinho de mictório.
Para aquele, pelo menos, tudo parecia muito claro: era o seu próprio pénis; todo o demais corpo é que não passava de um apêndice.

OS NOMES DOS DEDOS

Os dedos dos pés também terão nomes?
Idênticos aos das mãos não serão certamente.
Ou há um indicador no pé? E um anelar?

sábado, abril 13, 2013

TEORIA MATERIALISTA DO AMOR

Ou Deus existe, ou Darwin tem razão.
Se Darwin tem razão, o homem não é senão um animal que evoluiu.
Se o homem é simplesmente um animal que evoluiu, então os seus sentimentos mais nobres e sublimes - o amor, a generosidade, e por aí fora - não são mais do que instintos que evoluíram.
A ser assim, os sentimentos ideais são somente conceitos que desejaríamos e idealizámos: na sua realidade trazem ainda agarrada toda a viscosidade do que é primitivo e selvagem. Transformaram-se, é claro, mas não se tornaram - nem nos tornaram - angélicos ou divinos.
Podemos, por vezes, querer crer que não é tanto assim.
Mas, de vez em quando, convém-nos um banho de realidade.

CONVERSAS COM DAISY

Daisy, de 7 anos, diz-me que tem um namorado.
Eu: Bem! Tenho de falar com ele.
Daisy: Para quê?
Eu: Para saber se tem boas intenções, percebes? Se é sério.
Daisy: Ah, mas não quero que ele seja sério. Quero que seja muito atento, mas não sério. [Não percebo onde quer ela chegar com esta bizarra dicotomia...]
Eu: Ó Daisy, tenho de saber se ele é uma pessoa de trabalho, é importante saber em que pensa trabalhar...
Daisy: Trabalhar?! Ó pai, ele tem 7 anos!