quinta-feira, setembro 29, 2011

aforismos kaosticos

Faz tanto sentido dizer que a saúde é um direito, como dizer que a morte é um dever.

MANUAL DE INSTRUÇÃO DAS FADINHAS

1. Muitas meninas pequeninas são fadas e não sabem. As suas asas permanecem invisíveis: só conseguem vê-las pessoas boas - e nem todas as pessoas boas, mas as que crêem em fadas.
2. É-se uma pequenina fada até aos dez anos de idade.
3. Certas meninas poderão continuar fadas, mesmo depois dos dez anos: é necessário que a lua as escolha.
4. As meninas que queiram continuar fadas para sempre deverão aprender a prestar atenção à lua. E dizer-lhe, todas as noites: «Lua, eu gostava de ser uma fada para sempre. Não te posso obrigar, mas por favor, repara em mim, por favor, escolhe-me».
5. As meninas-fada têm de ter muito cuidado com as asas, à noite, quando se deitam. Para isso, bebam três golos de água antes de entrarem para a cama: magicamente, as asas desaparecem durante o sono.
6. As meninas-fada nunca poderão usar os seus poderes para fazer mal. O bem é o seu caminho.
7. Fadas não se dão bem com abelhas - ninguém sabe a razão, mas uma lenda afirma que as abelhas invejam as asas das meninas, mais bonitas e mais brilhantes.

domingo, setembro 04, 2011

10 MANDAMENTOS DO ASPIRANTE A ESCRITOR

1. Não esperes demasiado dos amigos de que seria lógico esperar algo. [A colega que conhece «demi-monde» e divulgará a tua obra, a parente de um próximo, que se dá com escritores famosos, e promete mostrar-lhes o teu trabalho, o jovem que te fará uma entrevista decisiva: verás que, no momento em que precisas, têm mais em que pensar].

2. Mantém-te atento a todos os de que nada esperarias: subitamente, um deles poderá ser, para a tua obra, a mão eficaz do destino.

3. Nunca te sentes aguardando que uma editora acabe dando por ti: acredita, as editoras têm gente muito estúpida à sua frente. Em geral.

4. Junta dinheiro. Faz um pé-de-meia. Publica à tua custa: esse deve ser o início.

5. Aprende a usar as novas tecnologias: blogues, facebook, sites: gratuitos e chegando longe e a muitos.

6. Persiste. Não consegues ao fim de dez anos? E que são dez anos? Ou vinte? Ou trinta? Um dia, hás-de conseguir.

7. Ou não. Quem sabe? Mas confia em que água mole em pedra dura, tanto bate até que fura.

8. Quando espreitar uma ligeira oportunidade, crava nela os dentes. As ligeiras oportunidades - seja uma editora marginal, seja uma proposta modesta - serão, a prazo, porventura, a maior das oportunidades.

9. Não reajas mal às sugestões de quem te leu. À opinião de um amigo ou à de uma editora. Afinal, não é para ti próprio que escreves. Ouve, sonda, aprende com as primeiras leituras.

10. Mas descobre e estabelece a tua fronteira. Afinal, és tu o escritor. Decide qual é, no que escreves, o teu ponto de absoluta não-cedência. E mantém-te fiel a ele.