terça-feira, setembro 01, 2009

O CEGO E A BÊBEDA

O cego não teve tempo para dar nem quatro ou cinco passos, riscando a sua bengala ao longo do muro, quando tropeçou na velha agachada diante dele.
«Cruzes! Que é isto?», perguntou.
«Bolas! Já não se pode baixar uma pessoa sossegada.»
«Ó minha senhora! Mas que faz aí toda torcida? Está maldisposta? Deu-lhe algum fanico?»
«Não», respondeu a velha. «Só queria fazer chichi.»
«Pelo amor de Deus! Aqui não, minha senhora. Venha a minha casa. É mesmo aqui ao pé. Venha daí!»

Seguiram. A velha era levada da breca. Perguntou ao cego, depois de se lhe ter servido do wc, se ele não teria qualquer coisa que se bebesse. Estava um calor..!

O cego dispensou-lhe o que tinha: uma garrafa de uísque.
E a mulher, que começou por utilizar um copo, afeiçoou-se de tal modo à garrafa que, por fim, já bebia pelo gargalo. Despachou a beberagem num ápice.

Depois, completamente bêbeda, atirou-se para o sofá.
«Ah! Que isto é muito confortável! Olhe, se não se importa, fico por aqui. Durmo cá em casa...»
E já quase roncava na sua bebedeira absurda, quando o cego se impôs. Tanto, não! Não podia ser! Tinha família - a mulher ciumenta, a filha pequenita - de modo que, se já mijara, se já bebera, que se fosse...

Mas não foi fácil, porque a mulher estava completamente embriagada. O cego é que teve praticamente de a levar aos ombros. Ele sem ver coisa alguma (como é óbvio), tropeçando amiúde, ela esparramando-se-lhe em cima, abrindo os braços, rouquejando umas canções brejeiras, assim sairam, num estranhíssimo pacote humano, e foram caindo até a um banco de jardim, onde ele a depositou - e deixou!

Sem comentários: