quarta-feira, novembro 30, 2011

MORAL

Desde pelo menos Nietzsche que aquilo que se segue não é novo.
Mas formulo-o à minha maneira:
O "dever" manda sempre que tente manter em vigor as condições da minha infelicidade.
Por alguma razão, a simples ideia de romper com a infelicidade soa-me imoral.

quinta-feira, novembro 24, 2011

EGOISMO

Detesto com todas as minhas forças aquelas pessoas que me contam a vida toda mal as conheço.
Deixam-me tão pouco espaço para falar de mim...!

EU SEI QUE PERGUNTAR OFENDE

Do ponto de vista do Novo Acordo Ortográfico, se eu quiser ser um "Objector de Consciência do Acordo", deverei escrever que sou um "objector de consciência", ou passarei a ser, para todos os efeitos, um "objetor de consciência"?

segunda-feira, novembro 21, 2011

Primo António, do longínquo Kwait, vai seguindo os meus blogues e queixa-se, no telefonema (diário? semanal?) à sua mãe, de que eu mergulhei num silêncio que o entristece. Deixo os blogues como pasto de ervas ruins e teias de aranha.

Em outro blogue, enuncio 3 ou 4 razões para o silêncio.

A não-enunciada é que o meu romance tinha uma editora interessada, e deixou de tê-la. Sou um homem de azar: no momento em que, por uma vez na vida, estou quase, quase, quase a ser publicado, percebe-se que estamos em crise e os amantes desatam a fazer contas. Não há lugar para o amor - nem sequer o amor aos livros. Editar um tipo desconhecido? Sem garantias nenhumas de sucesso? Não dá, não dá.

Há, por detrás disto, uma história rocambolesca: seria, inicialmente, publicado por uma senhora que, tendo-se divorciado, criou a sua própria chancela, levemente à parte da editora-mãe, que fundara com o ex-marido. Mas mesmo assim, cansou-se - e ofereceu a chancela ao dito.

O sobre-dito dito é, parece, um grande editor. Leu o meu livro e adorou. Fala-me em como o agarrou e emocionou; fala-me da minha "escrita elegante"; e, para que não pensem que se trata só de uma resposta delicada, acrescenta que o fim o desiludiu. Mas que é uma grande obra. Conclusão: gostava de a publicar mas não sabe se pode. (A crise. Os cortes).

Eu pus-me a milhas. Orgulhoso e arrogante como sou, prefiro tornar a vestir o traje de mendigo, pôr o livrinho sob o braço e partir a bater a novas portas. Esperar pela decisão ulterior de um senhor que "gostava mas não sabe se pode", isso não.

O meu irmão já me disse que fiz muito mal. É a vida.