segunda-feira, novembro 21, 2011

Primo António, do longínquo Kwait, vai seguindo os meus blogues e queixa-se, no telefonema (diário? semanal?) à sua mãe, de que eu mergulhei num silêncio que o entristece. Deixo os blogues como pasto de ervas ruins e teias de aranha.

Em outro blogue, enuncio 3 ou 4 razões para o silêncio.

A não-enunciada é que o meu romance tinha uma editora interessada, e deixou de tê-la. Sou um homem de azar: no momento em que, por uma vez na vida, estou quase, quase, quase a ser publicado, percebe-se que estamos em crise e os amantes desatam a fazer contas. Não há lugar para o amor - nem sequer o amor aos livros. Editar um tipo desconhecido? Sem garantias nenhumas de sucesso? Não dá, não dá.

Há, por detrás disto, uma história rocambolesca: seria, inicialmente, publicado por uma senhora que, tendo-se divorciado, criou a sua própria chancela, levemente à parte da editora-mãe, que fundara com o ex-marido. Mas mesmo assim, cansou-se - e ofereceu a chancela ao dito.

O sobre-dito dito é, parece, um grande editor. Leu o meu livro e adorou. Fala-me em como o agarrou e emocionou; fala-me da minha "escrita elegante"; e, para que não pensem que se trata só de uma resposta delicada, acrescenta que o fim o desiludiu. Mas que é uma grande obra. Conclusão: gostava de a publicar mas não sabe se pode. (A crise. Os cortes).

Eu pus-me a milhas. Orgulhoso e arrogante como sou, prefiro tornar a vestir o traje de mendigo, pôr o livrinho sob o braço e partir a bater a novas portas. Esperar pela decisão ulterior de um senhor que "gostava mas não sabe se pode", isso não.

O meu irmão já me disse que fiz muito mal. É a vida.

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