sexta-feira, janeiro 27, 2006

E, CONTUDO, VALE A PENA...

Às vezes, muitas vezes, demasiadas, desesperamos. Algo em nós nos lançava a sonhar muito longe, infinitamente longe; as nossas expectativas elevavam-se incomensuravelmente, e à força de irmos percebendo que nada acontece como queríamos, que não tocamos os outros, não tocamos em nada, não transformamos coisa alguma, um bocadinho de alma vai definhando, o cancro da desilução principia a multiplicar-se com mais velocidade do que costumava, e uma manhã damos por nós com vontade de desistir: não drasticamente, mas preocupando-nos menos, sonhando mais baixinho.

Porém, quando menos esperamos, insignificantes sinais fazem-nos pensar de novo.

Uma colega, por exemplo, com quem a minha relação se mantinha dentro da mais estrita formalidade, cordial e distante, desce às minhas páginas bloguianas. Acompanha-me atentamente no blogue da escola, onde colaboro, e deu-se ao trabalho de, a partir daí, seguir-me o rasto até este. E ri-se com o que eu escrevo, ou comove-se. E disse-mo...

Fico, talvez, um pouco embaraçado.

Mas não imaginas, inominada colega - que eu sei, agora sei que vens ler-me - o bem que me fizeste à alma. Porque mesmo quando o vazio parece crescer em torno de nós, e o silêncio, e a distância, afinal acontece percebermos que não falamos no nada, não escrevemos na água, não nos gastamos em vão. Algures, pode ser que alguém nos leia. E ache graça. Ou se comova. Ou se reconheça.

E, portanto, vale a pena.

Vou esforçar-me mais, agora que descobri que, eventualmente, os meus textos têm inesperados destinatários...

Sem comentários: