Este post tem duas virtualidades. Primeira, a de vos exibir a minha nova veia de utilizador das modernas tecnologias! E tomem lá!!!
Segunda, a de permitir que saibam, mediante a realização de um testezito, qual o terrível círculo do inferno que vos espera...
(clique na imagem)
terça-feira, setembro 30, 2008
sexta-feira, setembro 26, 2008
POR QUE NÃO VOLTO ÀS HISTÓRIAS!? DEIXEM-ME RIR
Sento-me diante do écrã cinzento, do mesmo modo que os escritores em crise de inspiração falavam, no século XIX, do drama da folha em branco.
Gostava de prosseguir o blogue. Recheá-lo de histórias, narrar episódios diversos, comentar filmes. Sobretudo, gostava de vos oferecer palavras onde clicar para voarem para outras paragens...
Mas, que fazer?, sento-me aqui e não tenho na cabeça senão o que vou ter de fazer para avaliar os meus colegas. Documentos, fichas, estatísticas. Grelhas, registos, objectivos. Listas de verificação. Legislação. Mais legislação. Afundo-me. Escorrego em papelada. Perco material importante. Uso a pen. Não sei da pen. Reencontro-a.
(Tive de pedir a alguém que me ensinasse a tirá-la, em segurança, do computador).
Alguém pensa que tudo vai melhorar. Que as coisas começarão finalmente a funcionar. Que as estatísticas terão um ar bonito, positivo, apresentável. Nada sabem do clima que se vive nos locais; da tensão, dos medos, dos olhos que já se não enfrentam nos corredores. E do que se rouba em energia e criatividade, do que se perde em motivação. Que perversão! Que pobreza! Que estreiteza! Que perfídia! Ou, se não é perfídia, então simplesmente que incompetência, que ignorância, que falta de lucidez...
Estou nisto. Fecho para obras. Oiço, todos os dias, novos jovens que fazem contas para a reforma. Estou nisto, porque não tenho tempo para mais.
Perdoai-lhes, Pai!
Pensando melhor: não, Pai, não lhes perdoes...
Gostava de prosseguir o blogue. Recheá-lo de histórias, narrar episódios diversos, comentar filmes. Sobretudo, gostava de vos oferecer palavras onde clicar para voarem para outras paragens...
Mas, que fazer?, sento-me aqui e não tenho na cabeça senão o que vou ter de fazer para avaliar os meus colegas. Documentos, fichas, estatísticas. Grelhas, registos, objectivos. Listas de verificação. Legislação. Mais legislação. Afundo-me. Escorrego em papelada. Perco material importante. Uso a pen. Não sei da pen. Reencontro-a.
(Tive de pedir a alguém que me ensinasse a tirá-la, em segurança, do computador).
Alguém pensa que tudo vai melhorar. Que as coisas começarão finalmente a funcionar. Que as estatísticas terão um ar bonito, positivo, apresentável. Nada sabem do clima que se vive nos locais; da tensão, dos medos, dos olhos que já se não enfrentam nos corredores. E do que se rouba em energia e criatividade, do que se perde em motivação. Que perversão! Que pobreza! Que estreiteza! Que perfídia! Ou, se não é perfídia, então simplesmente que incompetência, que ignorância, que falta de lucidez...
Estou nisto. Fecho para obras. Oiço, todos os dias, novos jovens que fazem contas para a reforma. Estou nisto, porque não tenho tempo para mais.
Perdoai-lhes, Pai!
Pensando melhor: não, Pai, não lhes perdoes...
quarta-feira, setembro 10, 2008
O NOME DA AVOZINHA
Já devo ter aqui escrito que a minha mãe é uma deliciosa velhinha de oitenta e cinco anos de idade. (Devia evitar espalhar estas informações pela net, bem sei: assim como há pedófilos à espreita, deve haver a correspondente tara por idosos. Ainda por cima usei a expressão «deliciosa» a propósito da senhora, mas enfim, calo-me já).
Chama-se Emília.
A minha filha, no seu linguajar arrevesado, trata-a por Vó Pia.
Sou idiota por não gostar, uma vez que «Pia» até é um nome bonito: existia a rainha Maria Pia, por exemplo, fundadora da Casa Pia (oh Diabo; isto está hoje a correr-me mal...); mas o caso é que aquele «Pia» evocava sempre, para mim, outro género de pias.
Tentei que a minha querida Daisy desse um passo, e começasse a tratar a avó por Mila. Vó Mila, em vez de Vó Pia.
Ensinei. Exaustivamente. Consecutivamente. Incansavelmente.
A Daisy deu, efectivamente, um passo:
Começou a tratá-la por Vó Pila!
Podem imaginar o susto, a tristeza, o horror, a vergonha, a angústia com que, pela primeira vez, a deliciosa velhinha escutou o bem-intencionado tratamente por parte da deliciosa criança: Olá, Vó Pila!
Tenho procurado emendar o erro. Insisto em que ela volte a chamá-la simplesmente Vó Pia. Não é possível. Na vida, nunca se volta atrás.
São diálogos alucinantes:
- Bamos à Vó Pila?
- Vó Pia! Pia! Pia! Vó Pia!!!
- Pila! Vó Pila!
- Não, Daisy. Ouve. Vó Pi-a. Pii-aaa!
- Vó Piii-laaa!
Como andam as coisas, está visto, eu é que vou acabar na prisão...
Chama-se Emília.
A minha filha, no seu linguajar arrevesado, trata-a por Vó Pia.
Sou idiota por não gostar, uma vez que «Pia» até é um nome bonito: existia a rainha Maria Pia, por exemplo, fundadora da Casa Pia (oh Diabo; isto está hoje a correr-me mal...); mas o caso é que aquele «Pia» evocava sempre, para mim, outro género de pias.
Tentei que a minha querida Daisy desse um passo, e começasse a tratar a avó por Mila. Vó Mila, em vez de Vó Pia.
Ensinei. Exaustivamente. Consecutivamente. Incansavelmente.
A Daisy deu, efectivamente, um passo:
Começou a tratá-la por Vó Pila!
Podem imaginar o susto, a tristeza, o horror, a vergonha, a angústia com que, pela primeira vez, a deliciosa velhinha escutou o bem-intencionado tratamente por parte da deliciosa criança: Olá, Vó Pila!
Tenho procurado emendar o erro. Insisto em que ela volte a chamá-la simplesmente Vó Pia. Não é possível. Na vida, nunca se volta atrás.
São diálogos alucinantes:
- Bamos à Vó Pila?
- Vó Pia! Pia! Pia! Vó Pia!!!
- Pila! Vó Pila!
- Não, Daisy. Ouve. Vó Pi-a. Pii-aaa!
- Vó Piii-laaa!
Como andam as coisas, está visto, eu é que vou acabar na prisão...
quinta-feira, setembro 04, 2008
POUCOCHINHO DE CADA VEZ
Regressado ao serviço, mergulho alegremente nos primeiros dias de trabalho, na esperança de descansar das férias!
Na minha derradeira sessão de praia (e, com o que eu aprecio «praia», espero que seja «derradeira» no mais amplo sentido da palavra!) aconteceu que, à semelhança de um dos alarves a que a bondosa e ecológica Janota se refere - clicar aqui, eheheh! - também eu pisei um ser marinho, um jovial e querido... peixe-aranha. Cum caneco! Um oceano tão imenso, tão duramente feito das lágrimas de tantos portugueses (por mim, aliás, contribuí com muitas das minhas próprias lágrimas ali mesmo naquele momento), e logo teria de haver a pavorosa coincidência de nos cruzarmos, eu e peixe-aranha, naquele inesperado cantinho...!
Saí da água com um sorriso amargo, coxeando da minha dor. Família e amigos recebiam-me, na areia, com aquela boa-disposição própria de quem assiste aos acidentes dos outros. Por fim, perceberam que aquilo talvez fosse a sério, porque o meu sorriso estava como que congelado e suponho que cheguei a desmaiar.
Lá tive de subir por um íngreme e pedregoso caminho em direcção ao posto médico, o qual se situava numa espécie de ninho de águias.
Como não podia levar o meu próprio calçado, que me mordia francamente sobre a mordidela do peixe-aranha, optei por umas ridículas havaianas emprestadas. Muito pequeninas e coloridas, deixando-me os calcanhares de fora...! E assim subi, escarranchado sobre o ombro do meu amigo M., que por sinal é asmático e, num dado ponto do percurso, começou a respirar com uma espécie de estertor preocupante.
Foi neste estado e nesta figura que chegámos a uma cabana, com uma cruz vermelha estampada na porta, de onde desalojámos um menino espanhol que se havia cortado, de forma a que os enfermeiros se concentrassem no meu pé.
O meu amigo, completamente exausto, fumava um cigarro à porta para se reanimar do ataque de asma.
Férias? Sim, mas pouco, pouco. Pouco, pouco de cada vez...
Na minha derradeira sessão de praia (e, com o que eu aprecio «praia», espero que seja «derradeira» no mais amplo sentido da palavra!) aconteceu que, à semelhança de um dos alarves a que a bondosa e ecológica Janota se refere - clicar aqui, eheheh! - também eu pisei um ser marinho, um jovial e querido... peixe-aranha. Cum caneco! Um oceano tão imenso, tão duramente feito das lágrimas de tantos portugueses (por mim, aliás, contribuí com muitas das minhas próprias lágrimas ali mesmo naquele momento), e logo teria de haver a pavorosa coincidência de nos cruzarmos, eu e peixe-aranha, naquele inesperado cantinho...!
Saí da água com um sorriso amargo, coxeando da minha dor. Família e amigos recebiam-me, na areia, com aquela boa-disposição própria de quem assiste aos acidentes dos outros. Por fim, perceberam que aquilo talvez fosse a sério, porque o meu sorriso estava como que congelado e suponho que cheguei a desmaiar.
Lá tive de subir por um íngreme e pedregoso caminho em direcção ao posto médico, o qual se situava numa espécie de ninho de águias.
Como não podia levar o meu próprio calçado, que me mordia francamente sobre a mordidela do peixe-aranha, optei por umas ridículas havaianas emprestadas. Muito pequeninas e coloridas, deixando-me os calcanhares de fora...! E assim subi, escarranchado sobre o ombro do meu amigo M., que por sinal é asmático e, num dado ponto do percurso, começou a respirar com uma espécie de estertor preocupante.
Foi neste estado e nesta figura que chegámos a uma cabana, com uma cruz vermelha estampada na porta, de onde desalojámos um menino espanhol que se havia cortado, de forma a que os enfermeiros se concentrassem no meu pé.
O meu amigo, completamente exausto, fumava um cigarro à porta para se reanimar do ataque de asma.
Férias? Sim, mas pouco, pouco. Pouco, pouco de cada vez...
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