Sento-me diante do écrã cinzento, do mesmo modo que os escritores em crise de inspiração falavam, no século XIX, do drama da folha em branco.
Gostava de prosseguir o blogue. Recheá-lo de histórias, narrar episódios diversos, comentar filmes. Sobretudo, gostava de vos oferecer palavras onde clicar para voarem para outras paragens...
Mas, que fazer?, sento-me aqui e não tenho na cabeça senão o que vou ter de fazer para avaliar os meus colegas. Documentos, fichas, estatísticas. Grelhas, registos, objectivos. Listas de verificação. Legislação. Mais legislação. Afundo-me. Escorrego em papelada. Perco material importante. Uso a pen. Não sei da pen. Reencontro-a.
(Tive de pedir a alguém que me ensinasse a tirá-la, em segurança, do computador).
Alguém pensa que tudo vai melhorar. Que as coisas começarão finalmente a funcionar. Que as estatísticas terão um ar bonito, positivo, apresentável. Nada sabem do clima que se vive nos locais; da tensão, dos medos, dos olhos que já se não enfrentam nos corredores. E do que se rouba em energia e criatividade, do que se perde em motivação. Que perversão! Que pobreza! Que estreiteza! Que perfídia! Ou, se não é perfídia, então simplesmente que incompetência, que ignorância, que falta de lucidez...
Estou nisto. Fecho para obras. Oiço, todos os dias, novos jovens que fazem contas para a reforma. Estou nisto, porque não tenho tempo para mais.
Perdoai-lhes, Pai!
Pensando melhor: não, Pai, não lhes perdoes...
sexta-feira, setembro 26, 2008
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
1 comentário:
Oh! :(
E a vida que me corre tão bem :)
Enviar um comentário