quinta-feira, março 11, 2010

INÊS DE MEDEIROS, PÉROLA DA NOSSA CULTURA

Entrevistada pela revista Sábado, Inês de Medeiros afirmou, a respeito do facto de o Parlamento (e portanto o país, e portanto nós) pagar as suas deslocações a Paris, que as pessoas devem achar que ela vai passear para o Louvre e para a Torre Eiffel. Ficamos a saber que não: vai ajudar os filhos com os trabalhos de escola, vai arrumar a casa, vai preparar a ementa para a semana. Acrescenta - como se estivesse a gozar connosco, ou melhor, gozando efectivamente connosco - que, «se o problema é Paris», podem pagar-lhe então o bilhete até Badajoz.

Como a entrevistadora insista, interrogando-a sobre se, na sua opinião, tratar-se de «Paris não é um problema», responde com uma outra pergunta, verdadeira obra-prima de "desconversa": «Está-me a perguntar se acho imoral viver em Paris? Não acho.».

Mas não a largam. Inquirida acerca de se lhe ocorreu, se lhe ocorreria, se lhe pareceria bem, enfim, prescindir desse pagamento, tem a dizer que não. Fazê-lo seria, isso sim, incorrecto. Estacamos. Incorrecto? Sim, porque ela não está interessada em ser santa nem pura! Ah! Bem, sim. Percebem? Ser santa ou pura, aparentemente, seria incorrecto. Seria demagogia e populismo. E implicaria num tratamento inaceitavelmente diferenciado, uma "discriminação": há que cumprir o que está estipulado pela Assembleia em casos que tais.

Talvez compreendamos melhor a natureza desta estranha psicologia quando, a propósito de Sócrates poder ter mentido ao país, Inês esclarece: «Se mentiu, nem acho que seja muito grave!»
Quase sentimos a perplexidade na voz da jornalista:
«Não acha grave um primeiro-ministro mentir ao Parlamento?».
Segurem-se para a resposta:
Que não. Que até houve outro primeiro-ministro que já mentira ao Parlamento. E aí, sim, fora uma mentira muito grave. «[...] o Dr. Durão Barroso quando veio dizer neste Parlamento que tinha visto as provas das armas de destruição massiva no Iraque.».

Já vimos tudo? Ná!
Sabem em que comissão se encontra esta pérola da intelligentzia portuguesa?
Na Comissão... (aaahahahahaha... desculpem, é esta maldita tosse)... de... de... (ahahaha, raio de gosma)...na Comissão de Ética!

E isto dito, agora sim, talvez já tenhamos visto tudo.

1 comentário:

Sara Rainbow Soul disse...

E eu a pensar que ser político era estar ao serviço, não do Ego mas do povo...que ideia a minha, completamente absurda!