Lembram-se das Leis de Murphy?
Uma delas determinava que, quando alguém é competente em determinada função, o pior que se pode fazer é promover o sujeito, esperando-se que ele seja igualmente competente em novas funções, responsabilidades, exigências.
As Leis de Murphy são máximas: pega-se numa observação corriqueira, geralmente enervante (como esta, que tenho verificado: quando precisamos de uma farmácia de serviço, a farmácia de serviço não é, provavelmente, a farmácia que está mais próxima de si) e enuncia-se esse precalço como sendo uma lei, com um carácter científico. O efeito é, naturalmente, cómico.
Fernando Nobre, todavia, é uma ilustração da lei que eu enunciava nos parágrafos iniciais. Há, portanto, um homem que prova tudo o que tinha de provar no campo da solidariedade. Corre riscos, partindo, como médico, para países inóspitos e corruptos. Vê miséria e sofre. Minora-a como pode. A sua competência como médico e como herói é absolutamente inquestionável.
O que o faria pensar que os portugueses precisam dele como Presidente? O que o convence de que será um bom Presidente, com a sua voz baça, sem chama, o seu olhar mortiço e - perdoem-me - a sua absoluta falta de preparação política ou a sua confrangedora ausência de ideias? Ouvi-lo entre o «povo» é penoso: este herói também recorre a slogans e a falácias, também vomita frases feitas. Também elabora propaganda, também se deixa vender como um detergente.
Ouvi-lo argumentar, em debates, imbuído da sua superioridade moral - como se o facto de ter visto um menino a correr atrás do grão que uma galinha transportava no bico, para lho roubar e matar a fome, lhe conferisse uma aura indispensável a um Presidente -, é confrangedor. Não sei quem o convenceu de que é indispensável ao país. Sei que, diacho, custa sempre perceber em que se pode transformar, num certo universo, quem estava tão bem, e fazendo tanto, num universo paralelo.
terça-feira, janeiro 18, 2011
QUEM TE MANDOU A TI, SAPATEIRO, TOCAR RABECÃO?
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1 comentário:
Por que não ficou o tipo a fazer aquilo que sabia? Evitava constrangimentos a ele e a nós...
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