1. Duvido (de tudo, de seja o que for: existirão mesmo o chapéu que trago, a vela que vejo, o roupão que visto e sinto, ou poderá ser tudo uma ilusão?);
2. Duvidando, reconheço que de algo, pelo menos, não posso duvidar: de mim próprio, que duvido;
3. Portanto existo. Tal é indiscutível. (É o famoso «Penso, logo existo»);
4. Mas se a minha primeira certeza é uma dúvida, isso significa que sou imperfeito.
5. Ora: como sou capaz de reconhecer a minha imperfeição? Por comparação com uma ideia da perfeição.
6. Mas de onde provém a minha ideia de perfeição?
a) Não certamente do nada, porque do nada não provém coisa alguma.
b) Não se trata de uma ideia adquirida através dos sentidos: nunca tive a experiência de algo perfeito.
c) E também não pode ser uma ideia produzida por mim, que sou imperfeito: não seria capaz de gerar a ideia do que é melhor do que eu próprio.
7. Segue-se que a ideia de perfeito não pode senão ter sido criada pelo Ser Perfeito.
8. Possuo, pois, esta ideia, porque o Ser Perfeito ma imprimiu no espírito.
9. De onde se conclui que O Ser Perfeito existe: É Deus.
O que pergunto aos meus alunos, apresentando-lhes este raciocínio sob a forma aparente de uma demonstração inatacável, é se constitui, de facto, uma demonstração, ou um mero exercício de retórica.
E eles dizem-me: A partir do 4º ponto, não há praticamente um único ponto que não seja discutível. E, até, falacioso.
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