sábado, outubro 15, 2011

A DIFICULDADE INESPERADA DAS DISCIPLINAS FÁCEIS

Há um equívoco de que alguns Encarregados de Educação podem ser vítimas. Previno-os, embora para mim seja já demasiado tarde: fui um dos Encarregados de Educação que se deixaram enganar.

A questão é sempre a mesma. Pensa-se que ao escolher certas disciplinas, aparentemente mais fáceis, se ajuda o respectivo encarregando a ter uma nota razoável e, portanto, a melhorar a média. O problema é que, geralmente, as disciplinas "fáceis" são as que são leccionadas por professores complexados. Os quais levaram anos odiando, primeiramente, o facto de as suas disciplinas serem consideradas "fáceis"; e que se dedicam, quando conseguem, a torná-las mais "rigorosas", "exigentes" e "difíceis" do que as demais.

Isso já acontecia com Educação Física. [Ginástica, no meu tempo]. Cansados de serem professores menores, aqueles a que ninguém ligava nas salas de professores, com os seus fatos de treino e os apitos ao peito, aproveitaram conscienciosamente o facto de a Educação Física ter passado a ser levada a sério, contando para reprovação. Desde aí, alunos de óculos, autênticos ratos de biblioteca, cromos completos, com laboratórios de Física e Química montados no quarto, onde, secretamente, podem ter inventado o meio de viajar no tempo, vêem, apesar de 20 em tudo o mais, a sua média comprometida pelo professor de Educação Física. Um tipo, nos tempos que correm, com doutoramento na Universidade do Mourinho. Que abre calhamaços cheios de gráficos que indicam precisamente por que o brilhante aluno de Ciências não pode ter mais do que 10 a Educação Física...

Sucede o mesmo com o Espanhol. Dios! Não poderia ter optado por Francês, uma língua culta (apesar de já não ser bem o que era...?) Não podia ter optado por Literatura Portuguesa? Por que raio me passou pela cabeça de que todos os portugueses são bons em Espanhol? Que se o meu filho aprendesse a dizer correctamente «Los caramelos de Badajoz son muy buenos» fazia a disciplina com uma classificação elevada?

Apanhou pela frente um professor arrogante e intransigente, que se deliciava a ouvir os alunos [para treinarem a pronúncia castelhana], lendo, em voz alta, páginas da sua dissertação de doutoramento [não sei em quê]; que se ofendia com desvios na acentuação e lhes exigia respostas sem erros em testes que eu próprio não entendia.

Não quero desmerecer a Educação Física (até porque tenho pânico de que um professor de EF leia este post) nem a língua do país onde foi criado o sublime D. Quijote. Mas caramba - têm de ser mais rigorosos e mais sérios do que todos os outros - a Matemática, a Física e Química, a Literatura...?

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