terça-feira, agosto 19, 2008

BOTA, LEITE, PONTAL

Os meus quatro leitores (vá, cinco nas horas de ponta!) já se aperceberam da minha admiração por Mendes Bota. Confesso que o considero perfeitamente ao nível dos Gato Fedorento. Tem a piada que tem, e sempre com o ar de estar a falar a sério ou a fazer política, o que o torna verdadeiramente hilariante.

Numa destas entrevistas de Verão, que suponho que é o único tipo de entrevista que um jornalista se lembraria de fazer a Mendes Bota, nota-se que ele intui, no fundo, a inveja que muitos comediantes frustrados e sem graça revelam relativamente à sua arte. Daí que principie por dizer que aquilo de que tem mais medo é «a inveja humana».

Mas logo a seguir, abre a veia. Não chega a suicidar-se, limita-se a abrir a veia humorística: afirma, por exemplo, que a sua bebida de eleição é «água, colheita de 2005», e que a sua personagem de ficção preferida é... o Pato Donald!

Como todo o político que se preza, Bota também gosta de fazer promessas. Se pensa cumpri-las, é outro assunto. Mas não deixa de acenar com o sonho de um mundo melhor, ao garantir que já passou «a fase das cantorias» e, agora, nem no duche!

Mais à frente, à banalíssima pergunta «as aparências iludem?», Bota responde com um originalíssimo: «As iludências aparudem.»

Sobre os casamentos gay, confessa que não se encontra preparado psicologicamente para isso: deve ter pensado que o entrevistador já estava a fazer-lhe uma proposta.

E este homem, correndo riscos, quase a transgredir os limites, dedica-se a organizar a célebre Festa do Pontal, e a senhora dona Manuela Ferreira Leite não quer ir?
Que se passa com esta mulher, não aprecia stand-up comedy?
Não gosta de se rir???

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