Tenho pena de me ver obrigado a ser cruel. Mas, perante esta frustração, como não sê-lo!? Um bocadinho, ao menos...?
Em momentos de competição desportiva internacional, como agora nos Jogos Olímpicos, o povo português deixa-se imbuir de uma inexplicável esperança e de uma tensa expectativa. Sopra sempre um vento em cujas interstícios se ouve: «Desta é que é!»
Devo dizer que o único atleta olímpico que, este ano, conseguiu efectivamente surpreender-nos foi Francis Obykwelu (peço desculpa no caso de não estar a escrever correctamente este nosso tão típico nome!): surpreendeu-nos porque, apesar de ter ficado em sexto lugar nos 100 m., ou seja, num lugar fraquinho, que não lhe permitiu o apuramento, afirmou em Conferência de Imprensa que vinha já embora, nem ficava para correr os 200 m., mais, acabava ali a sua carreira de competições, pedia desculpa, obrigado e adeus! Foi a grande surpresa lusa destes polémicos jogos.
No tiro ao arco, ouvi, na rádio, um rapaz que se mostrava muito contente com um lugar igualmente fracote, porque achava que estas coisas mudam de um momento para o outro. Queixava-se, coitado, e com razão, do vento que o enganara, fazendo-me perceber até que ponto podem ir as manhas e os truques dos chineses..! Vê-se mesmo que a China não é uma democracia, porque se o fosse, o mínimo que se esperaria é que todos os concorrentes estivessem sujeitos aos mesmos ventos, não só o jovem português.
Houve ainda, no meio de tudo isto, uns remadores: foram repescados para a semi-final, e estavam francamente satisfeitos pela «repescagem» que os salvava. Bolas! «Repescados»!? Não é constrangedor??? Julgariam que estavam numa competição de pesca??? Afinal, depois de tudo isto, acabaram - penso - em oitavo lugar. Nada mau; parece que nunca Portugal, que no entanto tantos mundos deu ao mundo, tinha chegado tão longe. Navegámos por toda a parte, é certo, mas na modalidade de barquinho a remos o máximo a que chegámos foi ao oitavo lugar.
Vale a pena falar do Judo? Talvez seja melhor não, hein? Tínhamos ali outra jovem esperança mas... apanhou não sei que golpe, não sei de que adversária, que a fez cair para o tapete - e para o nono lugar, ou coisa que o valha!
Resta-nos esperar pelos para-olímpicos. Em cadeiras de rodas, sem ver coisa alguma, surdos e tudo, esses é que nos trazem sempre oiro, incenso e mirra!
sábado, agosto 16, 2008
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