Depois do pedaço que suportei do último Prós e Contras, sobre a avaliação do desempenho dos docentes, quedo-me a pensar, com alguma melancolia, sobre esta disjunção: ou, de facto, quando nos deparamos com programas destes, que juntam professores a falar, percebemos rapidamente como e quão, na generalidade, a nossa classe profissional é medíocre; ou, alternativamente, e por alguma razão que me escapa, devem convidar sempre os piores de entre nós, os mais atados e atabalhoados, os incorrigíveis senhores do dispararate.
E apetece perguntar: Então, realmente, não é justo submeter estes imbecis - e imbecis deste género - a uma qualquer avaliação?
Devo dizer - e com tristeza o digo, como professor de filosofia - que, nos últimos tempos, os ensinantes do Amor pelo Saber, esses, sobretudo, têm dado lições e espectáculos gratuitos de falta de senso (logo eles, que repetem, cartesianamente, que o «bom senso é a coisa mais bem distribuída neste mundo», numa ironia em que se procura deixar claro, pelo contrário, que só a eles coube a distinção de pensar bem). Mas é ver as embrulhadas, as falácias, os penosos exercícios de argumentação sem tom nem som, os erros formais e factuais que arrepiam os seus discursos (e arrepiam os tele-espectadores)...
Ponho-me no lugar de um Encarregado de Educação, de um cidadão anónimo, e grito para mim: Estes tipos não querem é mesmo ser avaliados!
Porque esta é a questão central, e não basta dizê-lo, nem repeti-lo: Nós queremos ser avaliados! - É preciso dar provas de que sim, e de como. É preciso desmontar as vozes que ecoam persistentemente nos nossos ouvidos e que, de Daniel Sampaio a Maria Filomena Mónica (já nem falo do Tavares e do Rangel, esses odiadores encartados dos docentes portugueses), insinuam que, no fundo, os professores constituem a mais fechada das corporações e que, no fundo, nunca verdadeiramente foram avaliados e que, no fundo, estão pouco desejosos de o serem.
Pensar pela própria cabeça é bom. Ser tutela de si mesmo é bom. Ser comité central do próprio espírito, liberta.
Saber o que se quer, procurar sempre saber o que realmente se quer e porquê, é indispensável.
E quando se não sabe, pensa-se melhor, antes de se aceitar o convite para ir ao Prós e Contras.
terça-feira, novembro 25, 2008
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1 comentário:
Ainda hoje dizia a um colega: eu não teria jeito nenhum para falar naquela situação, mas se calhar é mesmo por isso que não aceitaria fazê-lo!
Penoso, sem dúvida, e a conclusão que tiraria como mera espectadora era exactamente a mesma do que tu: estes gajos não querem mesmo ser avaliados!
Mas deixa-me dizer também, em defesa de vozes mais coerentes, que a Sodôna Fátima interrompeu por várias vezes discursos que se avizinhavam mais interessantes do que aquele da "treta".
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