quarta-feira, abril 20, 2011

GOVERNO NO BANCO DOS RÉUS

Os médicos podem ser processados por negligência. Podem não ter feito por mal, ou deliberadamente, que interessa isso ao homem que cegou ou à mulher que nunca mais poderá caminhar? Basta que se prove que o médico não fez tudo o que estava na sua mão para evitar o acidente. Lixa-se a vida a uma pessoa? Presta-se contas.
Mesmo um professor pode ser alvo de procedimento disciplinar. Os alunos queixam-se aos pais, os pais à direcção ou ao ministério. E até um juiz: já viram a ironia? A justiça poética? O juiz poderá ter de prestar contas por uma decisão que arruinou uma vida, se se prova que não foi isento ou imparcial.

Assim, de repente, e com excepção da de árbitro de futebol, a única profissão em que não se é julgado pelos erros que foram cometidos, é a de primeiro-ministro. Lixa-se um povo inteiro, milhares de mulheres e de homens, crianças, idosos, hipoetaca-se um país com séculos de história, e não tem de se responder criminalmente. Um primeiro-ministro e respectivos ministros dão-se ao luxo de destruir uma nação, e não têm de responder em tribunal.

Diz-se: serão julgados nas urnas. Pois!

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