sábado, novembro 25, 2006

RESPOSTA A UM COMENTÁRIO QUE JÁ CÁ NÃO ESTÁ

Eu, que não recebia comentários há vários meses e me conformei ou quase, ou que, pelo menos, me desabituei de clamar chorosamente por eles, tinha, ontem ou anteontem, umas linhas em inglês: um tal Unjava ou qualquer coisa assim - não sei, não me lembro (espero que se não tratasse do jovem e promissor escritor angolano Ondjaaki) -, exprimia, tratando-me por «Gil», o seu apreço pelos artigos do meu site, com o qual aprendia muito. Tudo aquilo - o nome, o inglês, o elogio sem mais... - me soaram tão pouco credíveis, tão a «vírus» ou a «vendas», que optei por eliminar esse primeiro comentário - ainda para mais apologético - de há vários meses. Agora, claro, arrependo-me. E choramingo um pouco. E se...?

Não deixo, contudo, de me interrogar; sobretudo porque o referido comentário me era deixado a propósito do post «Leis Kaosticas». Preocupo-me, pois: será que alguém que, em referência directa a uma explicação estúpida para as buzinadelas diante dos semáforos, diz que «aprende muito com o meu blogue», me terá levado a sério? Isto é: mais a sério do que se pretendia? Será que poderá dar-se o caso - imaginemos que é um estudante -, de ele vir a apresentar, num trabalho académico, a teoria de que a mudança do vermelho para o verde é percebida mais rapidamente pelos condutores que se encontram, na bicha, mais longe do lugar imediatamente diante do semáforo? Diacho!

Porque há duas hipóteses: ou este leitor é uma fera do sarcasmo, ou tem estado de facto a «aprender» com os meus textos. E isso faz-me pensar quão maléfico poderá ter sido, por um absurdo efeito perverso, senão por um efeito perverso absurdo, o impacto do kaostico entre leitores mais jovens e particularmente fechados à ironia: não acabarei como Sócrates ou, vá lá, para salvaguardar as distâncias devidas, um Sócrates de trazer por casa?

Ó Undjave, ou lá como te assinas: olha que, no kaostico, raramente se tenta ensinar. O meu negócio é mais o de desensinar. And a good day to you too, my friend.

Sem comentários: