domingo, fevereiro 15, 2009

UM RAIO DE UM DOMINGO

1. Hoje de manhã, tendo decidido passear ao sol com a pequenina Daisy, vi-me bruscamente obrigado - com ela ao colo - a esperar que passasse, primeiro, toda uma série de corredores de alguma maratona amadora. Ansiava por ver entre eles, a qualquer momento, a figura bem conservada de José Sócrates, que um jornal de comediantes espanhóis, atrevidos, conseguiu convencer que era o sexto homem mais elegante do mundo. Eu esperava-o ali, porque penso que, em Portugal (e, como se sabe, mesmo fora de Portugal), nem são permitidas maratonas sem a presença de Sócrates em calção de lycra. Mas, desta vez, nada feito. Não o vi...


Passavam umas meninas a arfar, uns velhos a cair da tripeça, escarrando ruidosamente pelo caminho, uns jovens de grande arcabouço, mas que se mostravam, vergonhosamente, com sérias dificuldade para ultrapassar dois ou três velhinhos rijos (daqueles que, certamente, treinam todas as manhãs a chegar primeiro do que nós às caixas multibanco, só para nos fazer aguardar, quando mais temos urgência, que eles paguem não sei quantas facturas...)

Dei por mim a matutar acerca do que podia levar aquela gente, sem ganhar nada de especial com isso, nem sequer, se calhar, uma medalha, a puxar assim pelo corpo, sob os raios do sol (ainda de inverno, é certo, mas qualquer das maneiras...!) Era difícil que me apanhassem num tamanho cansaço, correndo por gosto entre outros malucos. A não ser que me dessem a escolher. Por exemplo: entre isso ou levar a minha filha a um circo.

2. Como não tive tal escolha, durante a tarde coube-me levar os meus dois rebentos... ao circo!
Tratava-se, de resto, de um cirquinho pobre.
O Duarte tinha-me perguntado se eu achava que haveria animais.
Respondi-lhe que só animais de pequeno porte. Piolhos e pulgas haveria de ter, com certeza.
«Ai sim?», quis saber, excitado. «Também treinam piolhos?»
Santa inocência adolescente. Ou sarcasmo precoce?
Devo dizer que o número mais arriscado daquele circo pobre foi o das bailarinas que não conseguiam acertar com as coreografias. À parte isso, o verdadeiro risco foi vivido por nós, mergulhados num paciente público, sentados nuns periclitantes madeiros de bancada - particularmente eu, com uma adesiva Daisy ao colo e um saco (que se partiu, por fim) contendo uma merenda de iogurtes e bolachinhas.

Houve aquela parte - também arriscada para mim, que a vivi de respiração suspensa - em que o palhaço procurava, entre as pessoas do gentil público, algumas dispostas a ir até à pista fazer figuras tristes. Mas escapei-me.
Saímos muito, muito, muito fatigados. Completamente derreados.

E não havia animais.
Ou por outra, não posso jurar: tenho sentido muita comichão na cabeça!!!

1 comentário:

zorbas disse...

Eu também! Pensei que eram as minhas pulgas de estimação; e daí talvez não: a comichão é maior e diferente!...