Em que gastara eu cinquenta mil euros?! Mal sei: a maioria do dinheiro, suponho, foi-se quando tomei a imponderada decisão de encher o depósito com gasolina. O certo é que, pouco depois de umas comprinhas, estava com o sobrescrito vazio.
O baixote prendeu-me o cotovelo e conduziu-me à zona de cafés. «Temos de ter uma conversa muito séria!», rosnou-me ele. «Há coisas que não estás a compreender...» - ia mudando o tratamento, de um «você» que mantinha uma distância atemorizadora, para o «tu» que me reduzia, por antecipação, à insignificância a que me reduziriam, fisicamente, talvez dali a um momento...
Sentámo-nos.
Perguntou-me, com uma delicadeza fria, o que queria tomar. Pedi uma imperial. (Não devia, talvez, por causa do meu problema com a bebida!)
Na mesa ao lado, o cara-de-porquinho seguia-me atentamente, procurava-me, agora, com o mesmo olhar que tanto me escapara antes.
O baixote voltou, com duas imperiais.
Senti o meu nariz, demasiado grande para ficar fora do copo, mergulhar na cerveja fria. (Não sei se já tinha explicado que é nisso que consiste o meu problema com a bebida...)
CONTINUA
quarta-feira, maio 28, 2008
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
2 comentários:
Como te compreendo! Eu também tenho um problema com a bebida: fico sempre com os bigodes sujos, não dá para disfarçar...
Bigodes sujos de leitinho, não? Aposto que és um gato guloso!
Enviar um comentário