segunda-feira, junho 11, 2012

WAYNE, MIRÓ, BARNEY

Sou um amigo dos animais. Sempre fui um grato servo de sucessivos cães, o último dos quais, saudoso Dunga, me fugia regularmente, como se me desafiasse para que eu passasse noites, ao frio, procurando reencontrá-lo.

A partir de certa altura, os cães foram proscritos no reino da Dinamarca. Uma casa grande mas confusa, horários desajustados, miúdos em diferentes fases de rebeldia. Encontrei um cão, tentei trazê-lo comigo, mas não foi aceite. Ficou bem, graças a Deus, mas noutro lado. O meu filho achou um gatinho, queríamos adoptá-lo, mas não tivemos sorte - o gato ficaria muito tempo só, no quintal fugia, dentro de casa, rasgando cortinados ou toalhas, nem pensar. Também ficou bem, graças a Deus, mas noutro lado.

Certo dia, apareceu-me um cachorro em casa. Literalmente. No quintal, para onde algum monstro, ansioso por dele se libertar, o lançou estupidamente. Acordei, saía de casa, ouvi ganir, não liguei, pisei cocó. E, olhando para o canto, apercebi-me daquele piratinha, branco com manchas castanhas, uma pala castanha em redor do olho esquerdo. É um animal lindíssimo, que já teve três nomes e suscitou acesas discussões. Começou por ser Wayne. Propus Miró - o meu filho vetou. Concordámos com Barney.

E todos o aceitam bem. Ninguém tem coragem de o mandar embora. Ocupou a garagem. Assinala o seu território com urina e cocós particularmente mal-cheirosos. Rói, estraga e crava o dente fininho como uma agulha, ou uma fieira de agulhas, na carne tenra. Daisy chora. Dudu enerva-se. Enervamo-nos todos - ou seja, está perfeitamente integrado. É um de nós.

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