domingo, novembro 13, 2005

DUAS BREVÍSSIMAS NOTAS

1. Está assente, entre os políticos que conheceram e lutaram contra o fascismo, a ideia de que todo o discurso anti-político é um perigo e, no limite, uma ameaça à democracia. Soares, que tanto se enerva por Cavaco insistir em que não é um político profissional, constitui um bom exemplo desse discurso anti-«discurso-anti-político». Mas: que sejam estes cinco os nossos candidatos à presidência da República, não é já, só por si, uma justificação de todos os discursos anti-políticos?

2.Hão-de ter reparado que não há, no meio desse mar encapelado de cartazes de campanha, um único com o rosto de Cavaco ou com a ordem «Vote» nele. Não sei se o manterá, se terá coragem para persistir nessa ausência durante a campanha inteira. Não sei se isto não é um mero atraso de arranque. Se a mantiver, terá ganho vários trunfos: a) Vai enervar Soares; b) Vai fazer com que falem mais de si próprio, por essa razão, do que de todos os outros juntos; c) Ler-se-á também, no seu gesto, uma crítica ao gasto de dinheiro que todas as campanhas representam - neste caso, para mais, num momento de crise do país. D) Finalmente: que mensagem de confiança em si próprio: eu não preciso de me envolver nessa luta menor, entre marketings partidários. Os portugueses conhecem-me: estou acima disso!!!

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