A vida pode ser vivida serena e tranquilamente. Dispensamos a filosofia, essa espécie de doença obsessiva pela pergunta, esse trabalho paciente e vão de desfazer respostas para refazer novas e constantes questões, mergulhamos num túnel com as dimensões do nosso quotidiano, vamos percorrendo passo a passo esse caminho, não tendo como objectivo senão uma melhoria das condições de vida no interior do túnel e, um dia, percebemos que há um grupo fungando em redor e que esse grupo é constituido, afinal, pelos amigos que vieram chorar a nossa própria morte.
Não digo que a outra forma de vida seja a de estar sempre na corda bamba, sempre num frenesí, numa espécie de pára-quedismo, uma perpétua adolescência, um perpétuo desporto radical.
Não digo que a coragem de preferir outra via se deva exercer sistematicamente, nem que tenha de ser o corte sistemático com todas as amarras tecidas ao longo do túnel, tornando-nos em vagabundos do espaço, viajantes intergalácticos.
Digo, somente, que a vida se encarrega, ela própria, de nos enviar surpresas e nos propor riscos.
Às vezes, riscos que respiram perfeição e luz.
Que nem todos os riscos são aceitáveis, é-me evidente.
Que alguns são imperdíveis, que merecem muito, muito, muito de nós - ou que nos merecem mesmo por inteiro, também me parece claro.
Um risco é, de certa forma, o mundo que vem ao nosso encontro.
Por mim, não quero deixar, de vez em quando - se a a possibilidade me merecer, digo-o sem qualquer vaidade ou arrogância -, de ir ao encontro do mundo.
domingo, maio 28, 2006
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