quarta-feira, julho 14, 2010

HÁ QUEM NÃO MEREÇA SER DONO DE UM CAFÉ

«Quanto mais cedo vem, menos faz», rosna a senhora de bom aspecto, co-proprietária do cafézito onde, às vezes, pequeno-almoço. Tem bom ar, a senhora, desde que não fale durante muito tempo: se lhe prestamos atenção, percebemos os "fizestes" e os "prontos" com que tudo estraga.
O tipo a que se refere, o tal que «quanto mais cedo vem, menos faz», é o marido: um trombudo desinteressante, careca e com o nariz cheio de peles de uma psoríase (é assim?) galopante. Quando está só ele, serve-me rapidamente, irritado de que o incomodem, e torna a sentar-se a uma das suas mesas fazendo palavras cruzadas.

As palavras da senhora vieram-me à memória. Faltava-me uma bica, eram praí já umas dez horas, e o café fechado.
Fui a outro, num primeiro andar, com uma varanda-esplanada e uma outra senhora que arranja as sandes de queijo com as mãos nuas.
E quem vejo, sentado na varanda-esplanada, lendo vários jornais, chupando o seu galão e fumando cigarros?
Nem mais. O «Zé». Que não gosta, realmente, de trabalhar - prefere gastar: então, com um café próprio, e vai tomar café a outro lado?

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