domingo, julho 18, 2010

SMALL IS BEAUTIFULL

De que signo serão as pessoas que "reflectem", no Ministério da Educação?
De onde surge este manancial de ideias grotescas, sem estudo, aprofundamento nenhum, entre um "eduquês" ultrapassado em toda a parte e a obsessão da estatística? De onde vem esta gente? Como se faz ouvir e singra? Com que direito liquida, destrói, desconsidera, esvazia, em nome de uns resultados falsos ou de não sei que raio!?

A minha escola, entre erros e insuficiências, defeitos e conflitos, construiu, ao longo de trinta anos, uma cultura singular, uma dinâmica própria, um projecto vivo. Promove a democracia nas relações entre os órgãos e nos laços entre todas as pessoas, os líderes, os professores, os alunos, os funcionários. Une docentes e discentes em torno de projectos que vingam pela sua força, não pela imagem nem para "fazer bonito" em qualquer tipo de avaliação. Tem, há muitos anos, uma revista premiada, recebeu, ao longo do tempo, intelectuais como Agualusa, Gastão Cruz, Gonçalo M. Tavares, Jorge Leitão Ramos, Pedro Mexia. Há um Clube de Cinema, há um fanzine. Convida políticos. Há professores que entusiasmam os rapazes e as raparigas a cultivarem hortas, das quais consumimos os produtos frescos, e professores de matemática empenhados em ideias e projectos para agarrar alunos e auxiliá-los na difícil aprendizagem das matemáticas.

Com que direito se iria fundir este oásis de espírito e cultura num Mega-Agrupamento, sob uma direcção única, abstracta e desconhecedora, segundo um projecto anónimo e desatento às particularidades e às diferenças?

Com que direito, e por que razão, e com que justificação, se encaixariam vários pequenos viveiros numa massa global, inculta, cumprindo objectivos meramente economicistas ou servindo sedes políticas? A que propósito desfazer a virtude do "micro", dos pequenos universos de sentido, em prol de um Sentido Único, devorador, imposto de cima para baixo, numa imparável e cega marcha de agregação?

Recordando Talleyrand: «É que isso é pior do que um crime! É um erro!»

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