sábado, dezembro 11, 2010

E PASSEMOS A ASSUNTOS MAIS INTERESSANTES, COMO LADY GAGA

Tenho uma opinião sobre a (o?) WikiLeaks (escreva-se como se escrever...).
Em primeiro lugar, julgo que a questão da ameaça à segurança do único país que nos protegeria do eixo do mal e de todos os males, como argumenta Miguel Sousa Tavares, simplesmente se não põe. O «mal» existe, efectivamente, e a preservação do segredo é um aspecto fulcral da diplomacia. Mas o secretismo dos EUA vem sendo sistematicamente posto em causa, e desde há muitos anos, pela opinião pública - mais até do que pela imprensa -, pelo cinema ou pela literatura. Lembrem-se lá de um filme norte-americano dos últimos anos em que os bastidores da Casa Branca, da CIA ou do FBI não tenham sido completamente denegridos. (Com excepção, é claro, dos da Walt Disney).

Que uma fortíssima democracia como a americana resista e sobreviva às suas ameaças internas, aos caricaturistas, aos teorizadores da conspiração, aos objectores de consciência, é um teste que só serve para a fortalecer - mas, sobretudo, para a obrigar a repensar-se e a impor-se limites. Não é arrepiante que os States tenham peritos a «opinar» já não só sobre Israel e Berlusconi, mas sobre Moçambique e Mugabe, a cor das fezes da senhora dona Merkle, as prendas de Natal de Sarkozi? Até que ponto é que tudo pode ser minuciosamente vigiado sem que ninguém saiba, e sem limites nem precalços?

Não creio que Julian Assange (e este, escreve-se assim, ou assado?) seja um herói. Não respeito particularmente a lógica desenfreada da WikiLeaks (escreva-se como se escrever...). Mas que nenhum terrorismo justifica o Big Brother parece-me evidente. Que a fuga de informações é, por vezes, útil e reveladora, parece-me evidente. Que onde há telhados de vidro uma pedrada vem a propósito, parece-me evidente. O resto é paranóia. De Obama, que tem responsabilidades na conduta de uma superpotência. De Miguel Sousa Tavares, que não tem a menor responsabilidade.

2 comentários:

diadesol disse...

De acordo.

zorbas disse...

Perguntava a Rosa Mota na 3ª feira:" Lady quê? Quem é que é gaga?"