quinta-feira, junho 26, 2008

O MEU EXTRA-TERRESTRE

Para que se perceba, realmente, que a animação segue dentro de momentos, quero advertir-vos que ando a pensar numa saga à maneira de J.R.R. Tolkien.
Na verdade, a saga está atrasada, porque tenho demorado demasiado tempo - exactamente como Tolkien - a engendrar uma língua falada pelos nativos de um certo planeta de um sistema longínquo numa galáxia a anos-luz do ponto em que nos encontramos. Acreditem: se queremos conceber uma linguagem em que até a gramática tenha uma realidade, acabamos perdendo algum tempo...

Neste momento, posso transcrever-vos uma passagem de um tenebroso discurso de certa criatura. Reparem:

«TiLela Kelyaúte. A Cágnia. A Cágnia. Kelyaúte. Tai, tai, pai, tai, pai nom, pai nom. TiLela dá, pai nom, pai nom. A úgnia? A úgnia pai? Cacá? Ontá úgnia? Kelúgnia, kelúgnia! Uhaaam, kelúgnia, ontá úgnia? Kelyaúte!»

Estava a reinar. Não há saga. E esta fala existe, não é uma invenção minha. Na verdade, é a linguagem de uma espécie de criatura tenebrosa, um absoluto extra-terrestre. Apresento-vos a minha filha Margarida, eheheh!

E este discurso tem tradução. Às vezes, torna-se uma tradução arriscada porque, por exemplo, «Cágnia» significa, em geral, «Casa», mas também pode significar «Caixa» ou «Calça», quer no sentido de vestimenta, quer como imperativo do verbo calçar. (Este extra-terrestre é extremamente imperativo...)

Posso arriscar uma tradução desta algaraviada que ela nos berrava no carro, quando vínhamos das compras, com sacos carregados de iogurtes.

«Tia Lela, quero iogurte. Em casa. Em casa. Quero iogurte. Sai, sai, pai, sai, o pai não. A tia Lela é que dá, o pai não, o pai não. A chucha? A chucha, pai? Não está cá? Onde está a chucha? Quero a chucha, quero a chucha, uhaaam, quero a chucha, onde está a chucha? Quero iogurte!»

Há tradutores que traem. Como vêem, não é o meu caso: eu quando traduzo, traduzo mesmo!

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