quarta-feira, junho 18, 2008

ROBOCOPZINHOS

Como o mundo evolui vertiginosamente e os jovens já não são como éramos, a psicologia trata de os compreender em função de motivações e carências completamente novas.
Acontece que esta ciência é um pouco de tudo o que se quiser. Não sou adversário da psicologia em si. Sou somente muito céptico em relação aos psicólogos. É diferente.

A última teoria que ouvi foi exposta, com uma convicção e uma seriedade perfeitas, por uma senhora de óculos e fita nos cabelos. Era acerca dos adolescentes e dos telemóveis e ecoava ainda, vaga e longinquamente, o triste caso do combate entre uma aluna e uma professora, por causa de um telemóvel, que povoou semanas e semanas de telejornais.
Explicava a psicóloga da fita que os adolescentes criaram uma dependência do aparelho que o torna literalmente uma parte deles, configuradora da sua intimidade e dos seus laços; «têm necessidade de se sentir em rede», em permanente comunicação com o mundo. Cortar essa possibilidades é feri-los num elemento tornado vital enquanto jovens. E, portanto, arrancar-lhes o telemóvel (como a tenebrosa professora teria tentado) seria como arrancar-lhes uma parte de si: «como uma prótese», exemplicava...

Não quero ir declaradamente contra a maré. Vejo-me na contingência, pois, de assumir e digerir estas novas teorias. E portanto, no próximo ano lectivo, terei de ser muito específico:

«Nas minhas aulas», direi a estes novos robocops, rapazes com tecnologia incorporada, «o único tipo de prótese que pode permanecer ligado é o sonotone!»

1 comentário:

Unknown disse...

Uma senhora com fita nos cabelos é seguramente credível mesmo que não seja psicóloga :)