domingo, dezembro 21, 2008

PARA UMA BREVÍSSIMA HISTÓRIA DAS INCURSÕES PORTUGUESAS NO NOBEL

Todos sabemos que um de nós recebeu o prestigiado prémio Nobel: trata-se do senhor Saramago, genuíno representante do português que há em cada um, quer por não ter descansado enquanto não fugiu do cantinho luso, quer porque se comporta, em relação à gramática portuguesa, como os portugueses em geral se comportam em relação ao fisco.

Mas, aos mais distraídos da História de Portugal (isto é, uma vez mais, aos portugueses), gostaria de lembrar que há um outro Nobel nosso. É verdade. Trata-se do Professor Egas Moniz, que se tornou conhecido pelo seu tratamento dos malucos que, à maluquice deles, permitiu adicionar uma espécie de estupidez. E só não falamos mais, hoje em dia, deste FAROL da ciência, porque, infelizmente, um anódino episódio acabou por ficar associado para sempre ao seu nome: decidiu ir de corda ao pescoço, mais a família inteira, apresentar-se ao seu rei.

Eu sei muito bem que as pessoas que já tinham lido este «post» hão-de estar a esfregar os olhos. Porque não era o que vêm de ler que eu tinha originalmente postado. O problema é que confundira o Egas com o Becas, perdão, o senhor Egas Moniz com um outro Moniz, estão lembrados? (E não ter metido no barulho o Moniz da TVI foi um bambúrrio da sorte...! Parece que pertenço ao saco dos «portugueses distraídos da História»... Não fosse a atenta Angel e ainda agora o miserável erro aqui estaria a reluzir...)

Acerca do outro Moniz - já se perderam? -, lembrava eu a morte bizarra, entalado numa porta ali ao Martim Moniz, entalão que, tragicamente, superaria qualquer feito que houvesse efectuado em vida. É triste. Consta que um magote de gente aproveitou a nesga assim aberta para entrar num tropel assassino. O homem a gritar «Ó, por favor, olhem que estou aqui eu, deixem-me sair» e o pessoal a enfiar-se pelo centro comercial que, àquelas horas, tentava fechar as portas. (Uma vez aconteceu-me isso num autocarro: palavra que não é fácil. Eu entalado e uma imensa e inumana mole de seres humanos a aproveitar para entrar, a despeito dos meus protestos...)

Mas todas estas confusões vêm a propósito da minha pretensão. Retornemos à vaca fria. Gostaria muito de propor, para próximo Prémio Nobel, não sei exactamente em que ciência, o meu Vizinho Mário, que inventou uma forma de não ter de se mudar a água na máquina de café de cada vez que se vai fazer outro café. Como a minha mulher já me tinha convencido de que «se-passada-meia-hora-eu-me-preparasse-para-fazer-um-novo-café», tinha por força de trocar a água que ficara no depósito, a operação tornara-se-me pesada e penosa. Já andava até a beber menos café! Ora, em casa do Vizinho Mário, não se procede a troca de água. Como lhe expusesse o problema, respondeu-me o bondoso velhinho: «Que disparate!»

Como a minha mulher tem sempre razão (e o vizinho Mário também) - na perspectiva de um e de outro, a mim é que a razão abandona frequentemente -, suponho que o senhor tenha inventado um sistema com filtros, qualquer coisa capaz de melhorar substancialmente a vida da humanidade.

Não me agradeçam a revelação. Dêem o Nobel ao homem e já me sentirei suficientemente recompensado.

5 comentários:

lara_1012 disse...

Gostaria de dar a minha opinião técnica quanto à mudança da água... mas tens que me esclarecer: de que tipo de máquina estamos a falar? Café expresso, Nespresso, café de saco? Compraste onde? No Martim Egas Moniz? :)

Gil Duarte disse...

Em qualquer das máquinas que já me passaram pelas mãos me acontece isso: ainda que o depósito esteja cheio até acima, dizem-me, por qualquer razão técnica que me escapa (mas eu sou um nabo dos computadores, é natural) que aquela água deve ser despejada, nunca reaproveitada. E eu sinto o meu lado ecologista (isto é, preguiçoso: risquem esta, esqueçam...) insurgir-se, Ai, e tal, mas temos de aproveitar os recursos, e tal, não se deita água fora, e tal! Esclarece-me tu, Angel, que na opinião de uma cientista como tu confio plenamente!

Gil Duarte disse...

Ainda há uma terceira personagem. Essa não ficou entalada. Levava um cordel ao pescoço. Parece que sou um dos distraídos da História portuguesa. Oiço «Moniz» e lembro-me logo de entalanços!

lara_1012 disse...

Não estou a ver qualquer fundamento científico para não reaproveitar a água, meu caro. Talvez haja um fundamento gourmet: água que já foi aquecida, talvez tenha perdido algum do oxigénio dissolvido, e o sabor do café pode sair algo alterado. Quanto ao despejo da água não-usada, vejo um fundamento: depósitos de sais não devem ser muito bons para a saúde da máquina. Mas não digas esta parte a ninguém, e resolves o caso. Sempre pronta a ajudar...

Unknown disse...

Pois deixai-me meter o bedelho neste assunto polémico. Quando eu tinha dessas máquinas, só trocava a água quando acabava. E não me falem de lados ecológicos, que desses eu tenho vários.