A imparável aventura tecnológica em que mergulhei, e de que vos falava em «post» anterior, tem-se revelado de um inusitado interesse. Dói-me o dedo, de clicar sobre os títulos. Dói-me a curiosidade, de tão despertada! Dói-me o condão de ainda me surpreender, de tão abanado com os extravagantes resultados.
Por exemplo: se clicar sobre o sublinhado de Os Maias, tido no meu «perfil de blogger» como um dos livros que prefiro, aparece-me de imediato a referência a um senhor cujo blog se denomina... rouxinal do Bernardim; e o autor (que não sei se é o rouxinal, se o Bernardim) surge numa arrepiante fotografia, com um irrepreensível e pretíssimo capachinho contrastando com uma barba brancota. Procuro pelos seus interesses. Ei-los: «Dizer bem do que está bem mas não se demitir do dever da denúncia do que está mal. Omissão de denúncia é cobardia, é traição dos ideais democráticos». Quem escreve assim não é gago. Pode até usar capachinho, mas gago não é.
Não resisto à pesquisa. Quem se atreverá, então, a assumir que aprecia Lolita, um dos meus livros predilectos mas, indiscutivelmente, dos mais suspeitos e malditos, perversos e terríveis?
Há uma Amy Green, cujos interesses cito: « sleep [também eu, quando posso], Peep show [?] smoking, G&Ts.» Ok. Excluamos «G&Ts» que, na minha candura, não faço a menor ideia do que seja e cuja mera referência talvez me envolvesse em complicações com a ASAE. Mas peep show? Numa apreciadora de Lolita? Tratar-se-á, ela própria, de uma lolita procurando chamar a atenção de velhos depravados? Dificilmente: com 67 anos de idade, parece-me simplesmente uma velhinha maluca.
Já em relação à Origem da Tragédia (e escolho agora ao acaso, sem respeitar ordem nenhuma) salta-me a fotografia de um tal de Leandro, brasileiro de signo Peixes, que ostenta uma fotografia, sua, em tronco nú. Está visto que, no Brasil, tem estado muito calor. Era a quarentona de Em Busca do Tempo Perdido, é o senhor Leandro...
Pesquiso entre os seus interesses e deparo com os mesmos que eu. Mostra-se atento à filosofia, à literatura, ao cinema. Tanto interesse em comum com um cara que se fotografa em tronco nú? Bolas (segredam-me os meus imperdoáveis e reaccionários preconceitos), deixa eu fugir aí!
E há, também, um Anjo Cadáver. Livra! Decido. Acrescentarei ao meu programa para 2009: «Deixar de referir em público que a Origem da Tragédia é um dos meus livros preferidos»!
No cinema é que é pior.
Em quase todos os casos, clicando, seja em Aristogatos, seja em Lolita [de Kubrick, mas Lolita de novo: suspeitíssima insistência da minha parte; nem vale a pena sugerir que se trata de uma obra-prima, nem que Kubrick é Kubrick], só me aparece o mesmo único velhote do signo Virgem. Chama-se Gil Duarte. Vai ver que nem sequer é realmente o seu nome...
domingo, janeiro 04, 2009
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