quarta-feira, janeiro 28, 2009

UMA IDEIA PARA RECUPERAR EM TEMPOS DE CRISE... (OU, SE CALHAR, NÃO!)

Jonathan W. Ford, do Massassuchets, sempre fora uma criança com um verdadeiro dom para construções em papel e cartão. Contam os jornais da época - anos 50 -, que, desde ele muito novo, se lhe viam nascer nas mãos, pelo efeito mágico de uma tesoura sobre a cartolina, magníficas flores, magníficas casas, ou meninos, ou automóveis...

Em 1957 (geograficamente muito longe, no entanto, de um parto que iria trazer ao mundo alguém - que a minha proverbial modéstia me impede de nomear, mas constitui a outra razão pela qual o ano de 57 é, claramente, um ano maior...), Jonathan Ford concebeu um negócio engenhoso. Tinha uma família a sustentar, de modo que decidiu aproveitar o seu talento para fabricar sapatos...

... de cartão!

Os sapatos eram, aparentemente, tão bem desenhados, tão bem pintados e perfeitos, que ninguém suspeitaria que fossem de cartão. Deviam ser especialmente bonitos e desejáveis. E baratos. De todos os pontos de vista, óptimos: até à chuvada seguinte, como é evidente.

Ford não chegava a abrir propriamente lojas. (Não lhe convinha estar plantado no mesmo sítio quando viessem reclamar!). Montava uma espécie de tenda-sapataria: vendia, vendia, vendia. Desmontava, desaparecia dali. Seguia viagem.

As coisas correram-lhe mal por causa da celeridade com que as notícias voam. Consta que, quando chegou a uma insignificante vilória e aí montou a tenda, num dia aziago, a população, que já ouvira falar do genial embuste e, digamos assim, estava à sua espera, quase que o matou. Era uma população sem criatividade: não julgo que tivessem sido capazes de inventar matracas em cartão para bater nele; suponho que usaram mesmo paus tacos de madeira ou barras de ferro!

Alguém escreveu que, depois de sovado, Jonathan Ford foi o último exemplo de um homem que, nos Estados Unidos, se viu expulso da vila, montado sobre um carril, com o corpo coberto de alcatrão e penas.

Alguma coisa em Jonathan Ford, porém, faz com que eu o considere mais um mártir do que um trafulha. Mais um génio do que um ladrão. E, de algum modo, um herói no «desenrasca» - digno de um artista português!

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