1. O primeiro episódio, ocorreu imediatamente aquando dos meus passos iniciais no interior da sala aquecida: um senhor de idade, pai do anfitrião, apertou-me a mão, olhando-me nos olhos como quem procurava sondar os meus pensamentos mais pecaminosos, e largou:
- Boa noite! Cada vez mais baixinho, hein?
Tenho de confessar que este estranho cumprimento me deixou absolutamente perplexo; e que me senti quase ofendido pela manifestação desabrida do reconhecimento de que, de novo ano em novo ano, tenho vindo a envelhecer. Mas não imaginava que tivesse já chegado ao ponto em que principira a minguar. Estou, pois, mirrando. Não é o que nos acontece a todos, a partir de uma certa idade?
Acabei por contar este episódio ao dono da casa, que me explicou, entre o preocupado (com o pai) e o divertido (comigo):
- Eia, bem! O meu velho está completamente taralhouco. Não te reconheceu! A sério, ouve, pá, essa é a piada que ele diz aos netos, percebes? Quando os vê, parece-lhe que eles cresceram mais um pouco. Estão cada vez mais altos, os putos! E o meu pai, como ironia, diz-lhes sempre: «Cada vez mais baixinho, hein?». Tomou-te por um dos netos, pá!
Ao longo da noite, como se imagina, a história tornou a ser contada, suscitando sempre novas gargalhadas. Senti-me rejuvenescido. Não deixa de ser estranho como uma ofensa se transforma, depois de compreendida, em algo que nos soa como o maior dos elogios.
Sinto-me alegre por vos contar este episódio. Infantilidade da minha parte? Deixem lá, ainda estou a crescer...
2. Já acerca da minha recente ida ao médico, por causa da mancha na testa (cf. post anterior...), contei a história a um grupo, porventura insistindo demasiado na parte de me terem cobrado noventa euros para nada...
Uma rapariga, magrita e cabeluda, comentou, com certa graça:
- Deixa lá! Ou preferias ter pago os noventa euros para te dizerem que era grave!?
Postas as coisas assim...
quinta-feira, janeiro 01, 2009
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