Convocada que foi uma reunião de socialistas, encontravam-se à porta do local previsto, à espera dos senhores reunintes, uns quantos professores protestantes, aos gritos de uuuhuuu, uuuhuuu! e acenando com lenços brancos.
O senhor, como igualmente se sabe, deu-se mesmo ao trabalho de ficar ao rubro, apesar de esta ser uma cor de que não gosta. E disse, como pessoa frontal que é, que se tratava de uma manobra intimidatória. Tem Vossa Excelência inteiramente razão. Todos conhecemos o terrífico poder intimidatório de um lenço branco. É feroz! É bárbaro! Aliás, ninguém o compreenderá tão bem como o senhor Camacho, treinador do Benfica, o qual Benfica, ao que dizem os historiadores mais idosos, foi já tão grande como o PS parece ter sido outrora. Pois o senhor Camacho, coitado, esse nem prega olho, imerso em pesadelos de lenços brancos, que tenta afugentar recorrendo a uma fórmula mágica, que lhe posso indicar (embora se tenha provado cientificamente que não vale grande coisa): «Hay que salir a gañar! Hay que salir a gañar!»
Lembrou ainda o senhor, senhor Silva, que o 25 de Abril e a democracia foram feitos por gente do seu campo, como Mário Soares, Salgado Zenha e Manuel Alegre. (Por acaso, três exemplos infelizes no que toca ao apoio «deste» PS, até porque um deles só o poderia apoiar em sessões espíritas, mas não nos percamos nos pormenores); que foram feitos por gente como essa, sim, e não por Álvaro Cunhal (aí, fiquei perturbado com uma levíssima dúvida, por causa de um filme protagonizado pelo senhor Paulo Pires segundo o qual o senhor Álvaro Cunhal teria andado a mexer-se um bocado contra o fascismo: mas há-de ser erro meu; tratarei de reler os meus livros de História recente e nunca mais acreditarei nos filmes do senhor Paulo Pires, que é modelo e não propriamente historiador!). Não por Álvaro Cunhal nem por Mário Nogueira. E mais, muito mais poderia ter dito, o que só não fez por decência ou piedade. Mas eu ponho os pontos nos ii: Mário Nogueira, por exemplo, na altura, que eu saiba, portou-se como um fraco e como um débil mental e político. Era uma criançola ranhosa, é o que é!
Mas deixe-me vir em socorro da sua memória, senhor Silva: o senhor esqueceu até ilustres camaradas seus, que muito têm feito pela democracia. Permita-me referir - já para não mencionar o senhor engenheiro Sócrates -, o imenso e impagável Vitalino Canas, ou aquele senhor cujo nome não recordo mas, entretanto, desposou a lindíssima senhora Dona Bárbara Guimarães, ou o Palhaço Pepito que (revelo-o em primeira mão, uma vez que os maiores heróis são sempre homens discretos) é também um militante activo do PS: são, todos, pessoas que fizeram muito mais pelo humor livre em Portugal do que, digamos, os sobrevalorizados «Gato Fedorento». As graças que têm surgido à conta deles, do Vitalino, o da dona Bárbara, o senhor Coelho e quejandos! Por mim, há que dizê-lo, é raríssimo que apareçam na televisão e que, só de aparecerem, me não dêem imediatamente vontade de rir. (Ou de chorar, o que mostra que, como comediantes, dominam perfeitamente a técnica de fazer passar o espectador do riso ao choro e do choro ao riso, duas reacções tão opostas e, afinal, tão próximas!)
Terminou o senhor afirmando corajosamente, como é seu timbre, que, se for caso disso, o PS estará outra vez nas trincheiras. É de homem! Munidos, calculo eu, de imensas remessas de lenços brancos, arma moderna a que nenhum terrorista resiste.
Para o melhor e para o pior, senhor Silva,
Um Combatente da Primeira Linha
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