segunda-feira, março 17, 2008

SKINNY [II]

Quando despertei num quarto húmido, com ervas ruins a subir pelas paredes e graffitis em vez de quadros, não precisei de muito tempo para me lembrar do que sucedera.
Estava deitado sobre uma enxerga que cheirava a mofo, em tronco nu, com as pernas e os braços amarrados por uma espécie de cintos. O corpo doía-me por todo o lado.
A seguir, percebi que um rosto, que me pareceu angustiado, se debruçava sobre mim. Skinny. Sorri-lhe, com terríveis dores na boca, como se a rasgasse. Sorria-lhe para o sossegar; fez efeito. Imediatamente vi a angústia transformar-se em alegria.
- Pai!
- Skinny!
Relanceei o olhar pelo quarto. O grupo estava reunido junto à porta. O rapaz que me injectara aproximou-se. Temi por Skinny. Tentei soerguer-me, mas debalde.
- Deixem-no em paz! -, gritei. - Ouviram? Façam de mim o que quiserem, mas deixem o meu filho em paz!
Houve gargalhadas. Preso, não consegui abraçar o meu filho, protegê-lo, ampará-lo, defendê-lo.
- Bem, vamos deixar-te descansar um pouco, pai. Não te preocupes, está tudo bem! -, disse Skinny. Para meu grande espanto, ordenou ao bando: - Toca a sair, rapazes!
E para meu espanto ainda maior, o grupo respondeu-lhe, em coro:
- Sim, chefe!

(CONTINUA)

1 comentário:

zorbas disse...

Oh diabo! Isto é pior(melhor) do que eu previa!...