sábado, março 25, 2006

DIÁLOGO CONCISO

Atreveu-se a dizer à própria mulher:
- Às vezes, tenho saudades da outra.
Ouviu-a reagir, num princípio de surpresa horrorizada e horrorosa:
- Dizes-me isso a mim? Odeio-te!
Ouviu-a, depois de um silêncio, sussurrar, como se tivesse medo de acordar a resposta:
- Quem é ela?
Explicou-lhe:
- Quem? A outra? A outra és tu. Ou eras. A outra tu. A que foste naquele tempo em que me amavas tanto.
- Tonto. Mas eu amo-te.
- Não tanto. Não da mesma maneira. Já não. Não como a outra.

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