Conta o meu irmão, em cujas histórias não posso confiar plenamente mas que me fazem sempre rir, que Freitas do Amaral foi entrevistado para a TVI, num encontro em Salzburg.
A propósito das recentes polémicas por causa do seu comunicado acerca dos cartunes, respondia, com a arrogância e os olhos esbugalhados do costume, por trás dos seus óculos de aquário: «Perdão, só os ignorantes é que não entenderam o que se pretendia com esse comunicado...»; e para provar que, internacionalmente, a sua mensagem, como agora se diz de novo, passara, clara e consensual, Freitas fez questão de chamar para o pé de si o ministro dinamarquês, que deveria aplaudir as suas palavras, o seu comunicado e a «compreensão» nele mostrada em relação à fúria devastadora do mundo árabe.
O ministro dinamarquês aproximou-se, com efeito, grato pela solidariedade que os portugueses haviam dado, pelo apoio oferecido neste momento difícil, e bla-bla-blá, bla-bla-blá.
Mas, por uma vez, o jornalista que os interrogava era um homem que falava inglês e, com uma pronúncia (sempre segundo meu irmão) ainda mais correcta do que a do próprio Freitas, atravessou-se, perguntando ao ministro se tinha efectivamente lido o dito comunicado, especialmente o ponto em que este se referia à «compreensão» da reacção muçulmana.
Perante este esclarecimento, o ministro dinamarquês gritou, espantado: «Compreensão!? Compreensão!? Mas não; que disparate, é inadmissível: «compreender» os destruidores das embaixadas? como compreensão, como compreensão...?», ao que Freitas, por sua vez, interpunha, muito vermelho, «Mas eu não disse exactamente «compreensão», o que eu disse, atenção!, o que eu disse...», saindo então ambos a esbracejar, e deixando o jornalista sozinho com o microfone.
Duvido que isto se tenha passado assim.
Mas lá que teria sido merecido, que era bom que se tivesse passado assim, isso...
domingo, março 12, 2006
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário