domingo, abril 02, 2006

IMAGENS KAOSTICAS (II)

Numa parede meio descascada de um velho bairro J. Pimenta, dou com a gloriosa simplicidade deste graffiti: «Bandido do Céu»!
Só isto. Que excelente título não daria.
E que significa exactamente? Como interpretar o genitivo? Será que o «do» quer dizer que o bandido tem o céu como seu limite e objectivo, que se prepara para o invadir e assaltar? Ou o «do» quer dizer que o bandido provém do céu? Do céu podem provir bandidos, anjos caídos, demónios. A origem do próprio Lúcifer não é outra. Mas, no momento da queda, perderam o vínculo com essa morada primordial. Não são demónios do céu. São só demónios. Por que manterá este bandido o seu vínculo? Tratar-se-á de um bandido de bom fundo? De um bandido que, sob a capa das suas malfeitorias, procura o Bem? Um bandido fascinante, a que o próprio Deus não conseguirá resistir...?

O que este enigmático título me lembra, é que estamos a passar completamente ao lado de uma verdadeira revolução estética e poética. A do hip-hop português.
Talvez um dia me debruce sobre essa revelação.

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