quinta-feira, abril 13, 2006

IMAGENS KAOSTICAS (III)

Conduzo o meu mesmo insípido e básico Honda cinzento metalizado de sempre, com riscos e com manchas de tinta verde que arranquei a um portão, numa manobra mal feita, quando vejo caminhar, na beira da estrada, um imponente cavalo cor de cobre, montado por um negro cor de cobre. Como uma imagem subtraída a um catálogo de fotografias-gay. O negro é completamente calvo, tem óculos escuros, o torso desnudado, calças de ganga. Perante esta visão kaostica, perante esta excepção à regra segundo a qual só os brancos (e, já agora, os brancos ricos) se podem dedicar ao luxo de praticar hippismo, segundo a qual um cavalo é um animal de estimação dispendioso, segundo a qual os imigrados africanos em Portugal, mesmo os de segunda ou terceira geração, são caixas de supermercado e maus alunos na escola - e não orgulhosos cavaleiros em tronco nu -, respiro fundo e sigo o meu caminho. Rapidamente, em direcção ao blogue.

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