CAPÍTULO VINTIDOIS.
Peço aos meus leitores, encarecidamente, que se não percam, porque os acontecimentos se vão precipitar e todos quantos os acompanham serão chamados a descobrir a sua prória omnisciência e a estar, mercê dela, em vários lugares aos mesmo tempo.
CAPÍTULO VINTITRÊS.
O que interessa reter, é que a «vulcanyte», poderosa arma concebida por um Vulcano roído de ciúmes, tentando impressionar a sua mulher, não tem qualquer efeito sobre os humanos. Assim se explica por que razão os deuses contratam um homem - e que homem, pobre dele! -, para se apoderar da substância que, como é evidente, trará uma incomensurável vantagem a quem quer que esteja na sua posse. O facto de se tratar de um homem que se embriaga, faz até sentido: alguém sem escrúpulos, que se está nas tintas para as trágicas consequências dos seus actos, desde que lhos paguem convenientemente, trate-se de fotografar situações de infidelidade, trate-se de roubar a sagrada «vulcanyte». Bota irá. Acompanhado de Eros, de Ares, aliás Marte, de Afrodite - e de Vulcano, que não aceita que Afrodite se lhe afaste excessivamente da mira (sobretudo com Marte por perto...).
- Mas não! -, protesta inicialmente Vicentino Bota. - Eu sou um típico individualista. Trabalho sozinho...
- Meu caro -, põe Mefisto os pontos nos ii - as coisas serão feitas como nós entendemos. Porque, afinal, o nosso entendimento é um entendimento divino!
CAPÍTULO VINTIQUATRO.
Interrompemos o curso da narrativa para introduzir uma informação que talvez venha a ter a sua importância: Muito longe dali, nos céus que conquistou e constituiu como seus absolutos domínios, Javé, Deus Único, está furioso porque, Ele-que-tudo-sabe-e-vê, tem consciência de que Jesus, seu filho - e, mais do que isso, segunda parte de si próprio numa complexa estrutura a que chama a Santíssima Trindade -, está em apuros. Javé ferve. É uma sarça em chamas!
CAPÍTULO VINTICINCO.
O grupo de deuses que acompanha Vicentino Bota está, entretanto, em contacto com outros deuses que, numa nave, vigiam, desde há alguns dias, uma pequena quinta. Aí, uma seita, sob as ordens implacáveis do Papá e da Mamã, assume-se como a comunidade dos verdadeiros «Guardiões do Fogo Sagrado»: que, na verdade, não é fogo algum: não é outra coisa que não a poderosa vulcanyte!
- Mas porquê, Vulcano? - insurge-se Bota, entre o espantado e o orgulhoso por poder ralhar a um deus. - Por que raio deixaste que esses humanos meio ensandecidos tomassem conta da vulcanyte?
- Porque Javé vigiava as minhas investigações e vinha, precisamente, apropriar-se do meu segredo. Foi uma aventura fantástica. Gabriel e Rafael, que eu sempre odiei, entraram no meu laboratório, flamejando espadas ameaçadoras pelo ar. Partiram tudo. Eu detesto que usem, contra mim, as espadas de fogo que eu próprio forjei, quando nos dávamos todos tão bem...
- E então? -, interessou-se Afrodite, com um tom quase de carinho na voz que comoveu Vulcano.
- Então, tive de fugir. Tive de procurar alguém nas mãos de quem o segredo ficaria resguardado. Uma seita! A seita guardaria a substância com a própria vida.
- Uma seita de adoradores de Javé? - pergunta Eros, o sarcasmo queimando-lhe a voz já de si bastante quente.
- Bem... não tanto!Na verdade, há um dos nossos entre eles... E é no nosso infiltrado que eu confio...
domingo, janeiro 20, 2008
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